Sector empresarial moçambicano quer reverter queda da relação comercial com Portugal
O sector empresarial moçambicano quer travar a queda do comércio com Portugal, tentando ser destino da internacionalização de empresas portuguesas e fornecendo mão-de-obra, entre outras oportunidades, disse hoje fonte da Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA).
“Moçambique e Portugal têm relações históricas de comércio, culturais e outras, mas notamos que está a haver uma redução daquilo que é o comércio entre as duas partes”, disse à agência Lusa Eduardo Sengo, director executivo da CTA, entidade que preparou uma missão que trouxe dezenas de empresários moçambicanos ao Porto, a Sines e à capital portuguesa.
Para o responsável, que falava no final de uma visita ao Porto de Sines, no âmbito da missão empresarial que culmina, quarta-feira, com o Fórum de Negócios Moçambique-Portugal em Lisboa, é urgente reforçar as relações comerciais entre os dois países.
“Se há 10 anos as nossas empresas já exportavam cerca de 100 milhões de dólares, hoje exportam cinco vezes menos. E acontece o mesmo com as importações de Portugal para Moçambique que caíram para metade”, afirmou.
Para “reverter este quadro”, a confederação quer definir “estratégias” em conjunto com o sector empresarial português que manifestou “interesse na internacionalização”.
Eduardo Sengo referiu um possível acordo de cooperação com o município de Santa Maria da Feira, no Porto, após a visita que a missão empresarial delegação efectuou, segunda-feira, ao norte do país, afirmando que Moçambique quer ser o destino desse interesse de internacionalização manifestado.
Também ao nível dos recursos humanos, o responsável defendeu que Moçambique “tem muito potencial” para tentar solucionar o grande défice de mão-de-obra” com que as empresas portuguesas se deparam.
Durante a visita ao Porto de Sines, em que participaram 21 empresários ligados a vários sectores de actividade, o responsável adiantou que foram “identificadas oportunidades na área da gestão portuária e da logística”.
Também a “experiência do ‘paperless’ [menos papel] e todo o processo logístico externo pode ajudar a desenvolver as nossas soluções, seja através de uma parceria com o Porto de Sines, em conjunto com a empresa que gere a Janela Única Electrónica em Moçambique no sentido de se poder partilhar essas experiências”, salientou.
No final da visita, o presidente do conselho de administração dos Portos de Sines e do Algarve, José Luís Cacho, manifestou interesse e disponibilidade em incrementar a ligação ao sector empresarial de Moçambique.
“Estamos disponíveis para fomentar as trocas comerciais nos dois sentidos, quer na importação, como na exportação com as empresas moçambicanas”, garantiu.
A missão empresarial culmina com o Fórum de Negócios Moçambique-Portugal a ter lugar no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, na tarde de dia 24, que deverá contar com a presença do Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, e do seu homólogo moçambicano, Filipe Nyusi, na sessão de abertura.