Com efeito, o volume extremamente baixo de água acumulada na lagoa, que se verifica no presente ano, não terá potencial hidráulico suficientemente forte para garantir a limpeza dos fundos no momento do rompimento da barra e, bem assim, para manter o canal aberto durante um período de tempo razoável, de forma a permitir garantir a troca de água doce e salgada em volumes minimamente razoáveis.

Em acréscimo, considera-se que a ligação ao mar, caso fosse executada nesta altura, seria potencialmente prejudicial para as comunidades de peixes, com prejuízos para a atividade piscatória, pois seria provável a altura de água neste corpo lagunar ficar ainda mais baixa. A abertura da lagoa, a realizar-se nesta data assumidamente tardia, em matéria de variedade de peixes, não iria resultar na entrada no sistema de alevins de enguia prateada.

Regista-se, também, que um significativo número de espécies de aves com elevado valor conservacionista e estatuto formal de proteção, se encontra em plena época de reprodução, com ninhos construídos e posturas iniciadas.

Face ao exposto, e tendo sido auscultadas as demais entidades habitualmente envolvidas nesta operação, nomeadamente a Capitania do Porto de Sines, o Município de Santiago do Cacém e a Junta de Freguesia de Santo André, a APA e o ICNF decidiram pelo cancelamento da operação de abertura da lagoa ao mar, a qual chegou a estar inicialmente programada para o dia 18 de março e, posteriormente, adiada para o dia 31 de março.