Ao fim de três dias de prova e de mais de 600 quilómetros de percurso disputados ao cronómetro, o bp Ultimate Rally-Raid Portugal continua animado na discussão dos lugares cimeiros.

Depois de uma etapa-maratona com 742 quilómetros, 282 dos quais disputados ao cronómetro, a dupla Nasser Al-Attiyah/Edouard Boulanger (Prodrive Hunter) aumentou para 4m39s a liderança entre os carros.

O piloto do Qatar repetiu a vitória da véspera, ganhou cinco pontos adicionais no W2RC e beneficiou da queda na classificação do seu rival mais próximo, Yazeed Al-Rajhi (Toyota), que sofreu um aparatoso capotanço e foi relegado para o nono lugar da geral.

Nasser Al-Attiyah afirmou: "Não foi fácil. Na fase inicial o motor falhou nas passagens de água e tivemos de parar durante cerca de dois minutos. Depois atacámos para recuperar o tempo perdido, mas foi uma especial foi muito, muito difícil. Aliás, nunca tinha feito uma igual. Temos de gerir etapa a etapa. Amanhã, também não vai ser fácil, mas vamos tentar continuar assim."

Rokas Baciuška foi um dos heróis do dia. O lituano foi o segundo mais rápido da etapa e ascendeu ao quinto lugar da classificação geral, mas mais importante do que isso, subiu à liderança da categoria Challenger. O piloto do Can-Am também ganhou quatro pontos de bónus no W2RC pelo seu desempenho na etapa de hoje.

Luís Portela Morais (G Rally Team) foi o terceiro mais rápido do dia, mas o piloto português admitiu no final: “Não sei se não vou sofrer uma penalização por excesso de velocidade numa zona controlada, vamos ver. Globalmente a etapa correu muito bem, dura mas divertida”.

A dupla João Ferreira/Filipe Palmeiro (Mini) voltou a estar em excelente plano, ao estabelecer o quinto melhor tempo do dia. "Super, super difícil. Uma etapa muito longa e com condições muito difíceis. Tentámos não atacar para chegar ao fim sem danificar muito o carro, porque ainda há muita corrida pela frente. A estratégia funcionou, mas não foi nada fácil", confidenciou o piloto de Leiria.

Menos sorte teve o colega de equipa, o veterano Carlos Sainz. Para além de ter terminado a etapa sem capot, ainda sofreu uma penalização de 2m10 que o relegou para a quarta posição da geral. "Foi um dia muito difícil. Ficámos sem limpa para-brisas e não conseguia ver nada", disse o espanhol, líder do W2RC após a vitória no último Dakar.

O brasileiro Lucas Moraes (Toyota) chegou a liderar a etapa, mas “um furo a 60 km do final fez-nos perder preciosos minutos. Estávamos a atacar, porque para acompanhar o Nasser temos mesmo de atacar, mas nem sequer sei onde é que furei". Mesmo assim, subiu ao terceiro lugar da geral.

Armindo Araújo também esteve a um bom nível, subindo para sétimo da classificação geral – segundo entre os Challenger, embora a 6m07s de Baciuška.

Quanto aos mais azarados do dia…  Sébastien Loeb (Taurus), perdeu quase uma hora devido a problemas mecânicos; João Dias (Can-Am) foi relegado para o 38º lugar; Guerlain Chicherit (Toyota) desistiu pelo segundo dia consecutivo, terminando assim a sua aventura na prova do ACP; Cristina Gutiérrez (Taurus) e Miguel Barbosa (Taurus) também já não regressam à estrada; Vaidotas Zala e o português Paulo Fiúza (Mini) pararam a 18 km do final, devido a problemas de motor; e também o líder da categoria SSV do W2RC, Yasir Seaidan, foi obrigado a desistir no início da etapa.

Espanhol Schareina aguenta pressão do luso-alemão Bühle

O espanhol Tosha Schareina (Honda) e o luso-alemão Sebastien Bühler (Hero) voltaram a protagonizar uma espetacular luta pela vitória na etapa das motos, como confirmam os 44 segundos de diferença entre ambos depois 282 quilómetros cronometrados.

"Como fui o sexto a partir, tive uma boa posição na ‘pista’. A primeira parte foi muito rápida e os portugueses andaram a fundo. Na segunda parte da especial tentei atacar e consegui ganhar a etapa. Amanhã, vamos ter mais dificuldades a abrir a estrada, mas vamos manter a calma", sublinhou Schareina, que aumentou para 3m40s a vantagem para o segundo da classificação geral.

Já Bühler também estava satisfeito com a performance: "Foi uma etapa mesmo dura. No início muito rápida, mas depois com a navegação na zona montanhosa, não foi nada fácil abrir a estrada. Acho que perdi algum tempo aí, mas depois ataquei até ao final, pelo que acabou por ser uma boa etapa."

O português Bruno Santos (Husqvarna) efetuou o terceiro tempo mais rápido do dia e ocupa o último lugar do pódio provisório. "Uma etapa louca! Uma mistura incrível de terrenos, estradões muito rápidos e depois uma zona de montanha, estreita e com muita navegação. Diverti-me imenso”, afirmou o ex-campeão nacional.

Adrien Van Beveren colocou mais uma Honda oficial no top 4 da etapa, logo na frente de António Maio (Yamaha), que sofreu uma penalização de seis minutos. O campeão nacional e militar da GNR está no quarto lugar da geral das motos.

Gonçalo Amaral (Honda), por outro lado, reforçou a liderança na categoria Rally3, estando na frente do seu irmão, Salvador Amaral (Honda). O argentino Manuel Andújar (Yamaha), vencedor do Dakar nos Quads, continua a dominar a competição dos quadriciclos.

Integralmente disputada, em Espanha, na região da Estremadura, a etapa de amanhã (sábado) é percorrida em pisos, teoricamente, mais duros do que os que foram percorridos nos três primeiros dias do bp Ultimate Rally-Raid Portugal. A localidade de Villa Franca de Los Barros, a sul de Badajoz, recebe o final do setor cronometrado de 253 quilómetros, com os concorrentes a rumarem, em ligação, para o Bivouac localizado em Grândola.