Anilhagem de aves junta Vigilantes da Natureza nacionais e espanhóis na Lagoa de Santo André
Dezasseis vigilantes da natureza participam, esta quinta e sexta-feira, numa ação de formação de anilhagem de aves na Estação Ornitológica Nacional do Monte do Outeirão, na Reserva Natural das Lagoas de Santo André e da Sancha, promovida por aquela entidade em colaboração com o Centro de Estudos de Migrações e Proteção de Aves (CEMPA).
Foto: ICNF
Esta iniciativa visa capacitar os participantes com conhecimentos teóricos e práticos sobre a anilhagem de aves, e inclui visitas de campo para a montagem e desmontagem de redes de captura, anilhagem e observação de aves. Dos 16 formandos, quatro são vigilantes da natureza espanhóis.
A anilhagem é uma técnica essencial para o estudo das migrações, locais de repouso e reprodução das aves, fornecendo dados valiosos para a conservação das espécies.
Desde 1977, a Lagoa de Santo André tem sido um ponto crucial para a anilhagem, atraindo ornitólogos de todo o mundo e contribuindo significativamente para a proteção da avifauna.
O CEMPA, integrado no Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), desempenha um papel vital nesta missão, coordenando campanhas de anilhagem e promovendo a formação de anilhadores. Este trabalho contínuo tem permitido recolher informação fundamental para a proteção eficaz das espécies de aves migratórias e residentes.
Desde 1977 que se realizam na Estação Ornitológica Nacional (EON) campanhas internacionais de captura e anilhagem de aves na época das migrações de outono, que atraem ornitólogos portugueses e estrangeiros até este local do litoral alentejano.
Nos últimos 45 anos, foram capturadas e anilhadas nestas campanhas, de julho a outubro, em Santo André um total de 151 076 aves, de 185 espécies diferentes. As espécies mais capturadas são o rouxinol-pequeno-dos-caniços (Acrocephalus scirpaeus), a andorinha-das-chaminés (Hirundo rustica) e a felosa-musical (Phylloscopus trochilus).
Nestas campanhas, foram ainda recapturadas 550 aves de 24 espécies anilhadas em outros países, nomeadamente na Alemanha, Bélgica, Croácia, Dinamarca, Espanha, Estónia, Finlândia, França, Grã- Bretanha, Hungria, Ilhas do Canal, Itália, Lituânia, Mauritânia, Noruega, Países Baixos, Polónia, República Checa, Senegal, Suécia e Suíça.
Em ações de formação, já passaram pela EON mais de 760 pessoas interessadas na atividade nos últimos 45 anos, anilhadores(as) ou candidatos(as) a obterem uma licença. Nos últimos 10 anos, participaram 348 pessoas de diversas nacionalidades nas campanhas de anilhagem.
Dada a vulnerabilidade e importância conservacionista de muitas espécies de aves, a anilhagem não deve ser encarada como passatempo ou atividade de lazer, mas antes como uma atividade responsável, respeitando a legislação e atuando em conformidade com as orientações emanadas da European Union for Bird Ringing (EURING), organismo coordenador da anilhagem na Europa.