Bombeiros pedem medidas urgentes por causa dos preços dos combustíveis
A Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP) defende medidas urgentes de mitigação dos "efeitos financeiros desastrosos" da escalada dos preços dos combustíveis, alertando para as "dificuldades operacionais" que vai causar às já "depauperadas finanças" dos bombeiros voluntários.
Em comunicado, a LBP afirma ter solicitado à secretária de Estado da Administração Interna, Patrícia Gaspar, e ao secretário de Estado Adjunto e da Saúde, António Lacerda Sales, "uma reunião com caráter de urgência para encontrar medidas de mitigação dos efeitos financeiros desastrosos provocados pela escalada dos preços dos combustíveis".
Paralelamente, diz ter alertado também o presidente da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), o brigadeiro-general José Duarte da Costa, "para as dificuldades operacionais que o efeito financeiro da subida dos preços dos combustíveis vai causar, tendo em conta as depauperadas finanças das associações humanitárias de bombeiros voluntários".
"Com a subida de preços já registada e o seu previsível agravamento, em consequência direta da conjuntura global, estão a degradar-se ainda mais rapidamente as condições financeiras em que os diversos corpos de bombeiros prestam serviços de transporte de doentes ao abrigo dos acordos e protocolos assinados com as várias entidades da saúde, designadamente com as administrações regionais de saúde e o INEM [Instituto Nacional de Emergência Médica]", adverte.
A este propósito, a LBP sublinha que "tais desequilíbrios são potenciados pelo não cumprimento dos prazos de pagamento definidos em norma geral ou previstos na contratualização desses serviços".
Notando que "o Governo que estabeleceu para o setor dos transportes públicos e profissionais formas concretas de ajuda financeira em matéria de despesas com combustíveis", a LBP lamenta que o executivo "não tenha implementado medidas especiais para as associações humanitárias e corpos de bombeiros, no sentido de atenuar o fortíssimo impacto que o aumento do preço dos combustíveis tem na sua atividade diária".
O Governo anunciou na sexta-feira à noite um conjunto de medidas destinadas a mitigar o aumento do preço dos combustíveis, entre as quais a subida do desconto no Autovoucher de cinco para 20 euros e a manutenção, até 30 de junho, da redução do ISP na gasolina e no gasóleo e do congelamento da taxa de carbono.
Em vésperas de novos aumentos dos preços dos combustíveis, pela 10.ª semana consecutiva, o ministro de Estado e das Finanças, João Leão, e do Ambiente e da Ação Climática, João Pedro Matos Fernandes, anunciaram em conferência de imprensa medidas destinadas a conter o impacto das subidas que, em conjunto, totalizam mais de 165 milhões de euros.
Na próxima semana o gasóleo deverá registar um agravamento de cerca de 14 cêntimos por litro, enquanto a gasolina ficará oito cêntimos mais cara.
As medidas anunciadas na sexta-feira incluem ainda o prolongamento por mais três meses do apoio dado a táxis e autocarros (pagando agora 30 cêntimos por litro de combustível, em vez dos atuais 10), a atribuição de 150 milhões de euros da receita do Fundo Ambiental ao sistema elétrico nacional para baixar a tarifa de acesso às redes e o aumento do apoio individual para a aquisição de veículos elétricos de três para quatro mil euros, enquanto o montante anual subirá, este ano, para 10 milhões de euros.