Um dos principais fatores que faz com que no país nórdico não existam problemas prementes no setor da habitação é o forte envolvimento dos órgãos de governo, com destaque para as autarquias locais, no setor habitacional.

O direito à Habitação está consagrado na Constituição da Suécia, mas é às câmaras municipais que compete a sua concretização.

Esse envolvimento dos poderes públicos vai da propriedade do parque habitacional – cerca de metade das casas na Suécia são propriedade de entidades públicas – à sua gestão.

Por exemplo, numa das cidades visitadas, Skellefteå, com cerca de 74 mil habitantes e situada 800km a norte da capital do país, Estocolmo, a maior empresa imobiliária é municipal, gere um parque habitacional com 4.320 fogos e conseguiu dar resposta ao grande aumento populacional naquela antiga cidade mineira, que passou de 36 mil habitantes para mais do dobro (74.000) em apenas 12 anos.

A deslocação a esta cidade foi decidida por ser uma comunidade com semelhanças relativas com o polo industrial de Sines alargado a Santiago do Cacém. Skellefteå foi uma zona de forte crescimento em determinada altura, depois o setor mineiro entrou em declínio e foi necessário relançar a economia e atrair novos habitantes, tal como está a suceder no parque industrial do Alentejo Litoral.

Um dos principais indicadores dessa política foi a referida duplicação da população, numa região onde o clima é desfavorável. mas onde as autoridades conseguiram o referido duplicar da população em pouco mais de 10 anos.

Ao contrário do que sucede em Portugal - onde o processo de licenciamento é relativamente rápido e, em contraponto, a construção mais demorada, na Suécia o processo de decisão e planeamento é mais longo do que a construção das habitações. No total, o planeamento feito pelos responsáveis suecos aponta para um período de quatro anos desde a tomada de decisão de construir até que as casas fiquem prontas a habitar.

Depois da discussão do projeto, da sua elaboração e do respetivo licenciamento, o prazo de construção reduz-se a 16 meses.

Acrescente-se que as preocupações das autoridades suecas com a política habitacional e a necessidade de assegurar habitação condigna a preços justos para todos começou há 80 anos e é uma realidade.

O Presidente do Conselho Executivo da CIMAL e da Câmara de Alcácer do Sal, Vitor Proença, que liderou a comitiva, realça o facto de os responsáveis políticos suecos “combaterem fortemente a especulação através do controlo de custos e de preços”, com um “mercado de arrendamento a rondar os 30 por cento e onde se consegue arrendar um apartamento T2 pelo equivalente a €1.000/mês num país onde o ordenado médio líquido ronda os €3.900 mensais”.

A visita oficial de três dias da comitiva da CIMAL incluiu uma receção e uma visita à Câmara Municipal de Estocolmo e uma audiência com a principal figura política da cidade, o Presidente do Conselho Municipal, Olle Burell.

A deslocação incluiu ainda contactos com responsáveis de imobiliárias públicas da capital sueca e com especialistas em políticas de habitação.

A deslocação contou com a colaboração inestimável da Embaixada de Portugal na Suécia, que teve na pessoa da Embaixadora Sara Martins um dos principais responsáveis pelo sucesso da visita.