"A reformulação, ao que parece, foi pura cosmética e destinou-se, não a dar resposta aos vários problemas que este projeto acarreta, ao nível da ecologia, da sustentabilidade, da socioeconomia, mas a dar a sensação de que o que estava mal, agora, foi corrigido", afirmou o movimento.

Em comunicado enviado à agência Lusa, o movimento cívico reagiu ao anúncio dos promotores da central solar, na semana passada, de que o projeto, já com `luz verde` da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), tinha sido reformulado.

"Esta tal `luz verde` é dada sobre um projeto que já não é o mesmo que beneficiou de uma apreciação favorável, embora condicionada, por parte da APA. É sim um projeto reformulado, que ninguém conhece, com exceção do promotor e da própria APA", criticou o Juntos Pelo Cercal.

No passado dia 08 de julho, em comunicado, a Aquila Clean Energy, empresa de energias renováveis do grupo Aquila Capital, revelou que a reformulação do projeto da Central Solar de Cercal do Alentejo foi feita na sequência da Declaração de Impacte Ambiental favorável, mas condicionada, emitida em 2021.

A APA já "deu a sua aprovação à versão revista da central solar", após "alterações substanciais no projeto", que envolve um investimento de cerca de 164 milhões de euros, adiantou.

Segundo a empresa, já "não será cortada nenhuma árvore para a instalação da central" e está prevista, pelo contrário, a plantação de 6.000 árvores e arbustos autóctones, além de ter sido aumentada a distância mínima dos módulos solares em relação às casas no local.

Mas, para o movimento, constituído por moradores e empreendedores ligados à freguesia de Cercal do Alentejo, em Santiago do Cacém, este anúncio "não é mais do que `atirar areia para os olhos` de todos aqueles que se deixarem enganar".

"Como se os problemas que este projeto comporta se resumissem ao afastamento das casas e ao abate de árvores. Infelizmente, os problemas são muito maiores e vão muito para além dos apontados", argumentou o movimento.

O Juntos pelo Cercal referiu que "não houve avaliação de impacto ambiental sobre parte substancial do projeto, designadamente sobre a desflorestação que vai ocorrer".

O uso do solo "vai ser completamente alterado e o processo de erosão, que já está em curso, irá transformar-se num processo de desertificação", acrescentou, frisando que a biodiversidade também "vai ser afetada".

"A Aquila não acautela nenhum destes aspetos, nem oferece soluções para os inúmeros prejuízos que vai causar às organizações turísticas locais", sublinhou.

No comunicado, o movimento, que já intentou uma providência cautelar contra o projeto, em outubro de 2021, ainda sem decisão judicial, prometeu "continuar a usar todos os meios legais" para `travar` a central.

Esta central solar, com uma capacidade instalada estimada de 275 megawatts (MW), deverá entrar em exploração em 2024 e fornecer energia limpa a 141 mil casas, através da produção de 596 gigawatts-hora (GWh) por ano, segundo a empresa promotora.