As transições energética e digital que nos últimos anos marcaram o território de Sines, as suas infraestruturas e, consequentemente, a população, sempre influenciaram e inspiraram a obra de Nuno Cera.

Para esta exposição — uma pesquisa retrospetiva a olhar para o futuro —, Nuno Cera partilha as suas observações e reflexões revisitando o corpo de trabalho que tem dedicado a esta região nos últimos 30 anos – nomeadamente os projetos Daqui a 30 anos: Saudades (1993); SINES 2000 (2000); e Sem título (Al Berto) (2010).

Em 2019, Nuno Cera embarcou em outro projeto de investigação a longo prazo sobre Sines, a cidade onde passou os sempre marcantes anos da adolescência e onde fez a sua primeira aproximação à fotografia.

O resultado estreia agora no Centro de Artes de Sines.

Luzes Distantes (2022) consiste numa série de fotografias e uma instalação vídeo sincronizada de dois canais (38 min) que também dão o título à exposição e à publicação que a acompanha. Em sete episódios, o artista conduz-nos a locais que selecionou como protagonistas: a Autoridade Portuária de Sines, a Central da EDP, o Terminal XXI, as refinarias da Galp Energia e da Repsol, a pedreira, as terras do futuro Data Centre e o EllaLink, em justaposição com paisagens naturais.

Com esta exposição, Nuno Cera oferece-nos uma observação externa de um olhar que extrai o simbólico, invisível para o nosso olhar rotineiro; reitera a essência de um corpo em permanente transformação e a simultânea desintegração do velho que vai dando lugar ao novo, sem lhe dar tempo para envelhecer.

Nuno Cera (Beja, 1972) é fotógrafo e videoartista. O seu trabalho aborda questões espaciais e as suas condições de perceção, arquitetura e contextos urbanos, através de formas poéticas e documentais. A sua obra foi exibida e publicada internacionalmente em várias instituições culturais. Está representado em diversas coleções públicas e particulares. Vive e trabalha em Lisboa.

A exposição Luzes Distantes é uma organização da Câmara Municipal de Sines, com o apoio da Fundação EDP / maat.

José Mouro e Julia Albani são os curadores.