“A atividade económica no verão cresce e com o crescimento da atividade económica, seja ela agrícola, seja turística, há uma maior pressão sobre a necessidade de água”, disse.

E o concelho de Odemira, “não só pela escassez de água, mas também pela forte procura, é um território pressionado”, acrescentou à agência Lusa o presidente da câmara municipal.

Apesar da situação da barragem de Santa Clara, onde foi decidido fazer o rebaixamento da cota, e da situação das restantes barragens “em torno do concelho”, que “também não estão propriamente bem”, Hélder Guerreiro garantiu que não existem “dificuldades de abastecimento público”.

“Está assegurado o abastecimento público nos próximos tempos e sobre isso não pode, nem deve haver nenhum problema”, reforçou.

O mesmo acontece com os designados “precários”, pessoas que vivem em montes mais isolados, que têm dificuldades no acesso direto à rede pública de abastecimento de água.

“As pessoas utilizam acessos próprios, privados”, para esse abastecimento, e, “com o processo de seca, começam a ter algumas dificuldades”, explicou o autarca.

Em conjunto com as juntas de freguesia, o município já identificou os “principais locais problemáticos, onde pode haver necessidade de abastecimento de água individual”.

Caso se verifique essa situação, “temos de ter mecanismos para levar água às pessoas, através dos bombeiros ou com outros recursos das juntas de freguesia ou do próprio município”, disse.

Questionado sobre o alegado aumento de pedidos para abrir furos e fazer charcas no Perímetro de Rega do Mira, o autarca adiantou que, nos próximos dias, vai tentar “ter uma noção clara”, junto da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), sobre o processo de atribuição de licenças aos agricultores.

“Temos vindo a assistir a esses pedidos de furos e podem até estar em questão alguns furos irregulares, mas isso é uma questão que vamos ver nas próximas semanas”, vincou.

A captação de águas subterrâneas dos aquíferos “merece, na verdade, alguma cautela” e, por isso, o autarca disse esperar “que a APA, estando a aprovar esses furos e captações subterrâneas, tenha tido essa preocupação”.

Questionado sobre o encerramento de estufas no Perímetro de Rega do Mira, já admitido pela associação que representa os produtores hortofrutícolas, Hélder Guerreiro disse que algumas empresas agrícolas comunicaram à autarquia que “iriam limitar perspetivas de expansão”, assim como “a área produtiva”, devido ao racionamento de água.

Segundo o autarca, que está a trabalhar com “as entidades públicas e privadas no estabelecimento de um pacto para o uso sustentável da água”, é necessária “uma gestão inteligente” deste recurso.

O pacto, que estará concluído “nos próximos tempos”, olha para “o histórico da chegada da água à barragem de Santa Clara” e para “as necessidades de consumo”, contemplando “o consumo eficiente e o uso circular da água”, exemplificou.

Além de enaltecer os “investimentos de grande volume financeiro” previstos pelo Governo no território, com vista à “eficiência dos canais [de rega] e a diminuição de perdas [de água] no final” desses canais, o autarca lembrou que “algumas situações de curto prazo” também devem ser acauteladas.

“Importa fazer um investimento na barragem de Santa Clara para que seja possível captar e levar água a uma cota mais baixa do que a cota 109, que tem estado concessionada à Associação dos Beneficiários do Mira, para que esteja totalmente acautelada a questão do abastecimento público”, frisou.

No entanto, advertiu, “essa captação de água a cotas mais baixas tem como primeira prioridade assegurar o abastecimento público”, defendeu.